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Como aplicar DDD em APIs com FastAPI de forma escalável

FastAPI é um dos frameworks mais modernos e eficientes para o desenvolvimento de APIs com Python. Sua performance e simplicidade o tornaram uma escolha popular entre desenvolvedores que buscam agilidade sem abrir mão da qualidade. No entanto, à medida que o projeto cresce, manter o código organizado, testável e escalável pode se tornar um desafio.

É nesse contexto que o Domain-Driven Design (DDD) se destaca como uma abordagem poderosa. Ao aplicar DDD, estruturamos a aplicação em camadas bem definidas, com foco na lógica de negócio, promovendo uma arquitetura mais coesa e de fácil manutenção. Essa separação de responsabilidades também favorece a colaboração entre times e a evolução contínua do sistema.

Neste artigo, você aprenderá como aplicar os princípios do DDD em uma API construída com FastAPI, utilizando uma estrutura baseada em quatro camadas principais: Presentation (apresentação), Application (aplicação), Domain (domínio) e Infrastructure (infraestrutura). Ao final, você terá uma base sólida para desenvolver aplicações mais robustas, organizadas e preparadas para crescer de forma sustentável.

O que é DDD (Domain-Driven Design)?

O Domain-Driven Design (DDD) é uma abordagem de design de software que coloca o domínio do problema — ou seja, as regras e particularidades do negócio — no centro das decisões arquitetônicas. A ideia central é modelar o software de acordo com a lógica do negócio, promovendo uma estrutura mais alinhada aos objetivos da aplicação.

Em uma arquitetura baseada em DDD, a aplicação é dividida em quatro camadas (layers) principais: Presentation, Application, Domain e Infrastructure. Cada camada possui responsabilidades bem definidas e se comunica de forma clara com as demais.

  • Presentation: responsável por interagir com o mundo externo. Essa camada lida com requisições e respostas, valida os dados de entrada e encaminha as chamadas para os casos de uso da camada Application. Aqui estão presentes os routers (FastAPI) que definem os endpoints da aplicação e os schemas (Pydantic), responsáveis pela validação e estruturação dos dados de entrada e saída.
  • Domain: representa o núcleo do sistema — o coração do negócio. É nessa camada que são definidos os conceitos mais importantes, como entidades, regras de negócio, exceções e interfaces de repositórios. O foco aqui é o que o sistema faz, e não como ele se comunica com o mundo exterior.
  • Application: atua como uma camada de orquestração. Ela coordena os fluxos de execução da aplicação com base nas regras de negócio, utilizando entidades, repositórios e serviços definidos na camada Domain. Essa camada define como as ações acontecem, mas não contém detalhes técnicos. Por boas práticas, ela não deve acessar diretamente bancos de dados ou serviços externos, interagindo apenas por meio de interfaces.
  • Infrastructure: cuida dos detalhes técnicos. Essa camada implementa as interfaces definidas no domínio, sendo responsável por persistência em banco de dados, chamadas a APIs externas (como OpenAI ou serviços de e-mail), execução de tarefas assíncronas (como com Celery), entre outros. Ela deve delegar toda lógica de negócio para os casos de uso, nunca chamar diretamente a camada Presentation, e ser projetada para que possa ser substituída (por exemplo, trocar um banco SQL por NoSQL) sem impactar as demais camadas.

Ao organizar a aplicação com base nesse modelo, ganhamos clareza, testabilidade e flexibilidade. O código se torna mais sustentável no longo prazo, facilitando a colaboração entre times, a implementação de novas funcionalidades e a adaptação a mudanças no negócio.

Vantagens e Desvantagens

Neste tópico, exploraremos os principais benefícios e desafios de combinar DDD com FastAPI, oferecendo uma visão clara para que você possa decidir quando e como aplicar essa abordagem em seus projetos.

Vantagens

  • Organização e clareza no código, mesmo em projetos grandes: O DDD estrutura o código com base em conceitos como bounded contexts (contextos delimitados), entities (entidades) e value objects (objetos de valor), proporcionando uma organização que permanece clara e gerenciável, mesmo em sistemas complexos. Isso facilita a manutenção e a escalabilidade do projeto.
  • Facilidade para testes unitários, com responsabilidades bem separadas: A separação entre lógica de negócio e infraestrutura permite testar unidades de código isoladamente, sem dependências externas. Esse isolamento é essencial para criar testes unitários robustos, garantindo maior qualidade e confiabilidade no software.
  • Maior alinhamento com o negócio, focando na modelagem do domínio: Ao centrar o desenvolvimento no domínio do negócio, o DDD resulta em um software que reflete com precisão as regras e necessidades da organização. Isso não só melhora a comunicação com os stakeholders, mas também assegura que o sistema entregue valor real.
  • Flexibilidade para mudanças tecnológicas: Com padrões como o Repository Pattern, a lógica de negócio fica desacoplada da infraestrutura. Isso significa que é possível, por exemplo, trocar o banco de dados ou integrar novas ferramentas sem mexer no núcleo da aplicação, oferecendo adaptabilidade e resiliência a mudanças tecnológicas.

Desvantagens

  • Curva de aprendizado inicial: Para equipes ainda não familiarizadas com DDD, os conceitos e padrões — como aggregates, domain events e ubiquitous language — podem ser desafiadores. É necessário investir tempo em capacitação para que a implementação seja eficaz, o que pode impactar o cronograma inicial.
  • Risco de overengineering em projetos simples: Em aplicações pequenas ou com domínios pouco complexos, adotar DDD pode gerar uma separação em camadas desnecessária, aumentando a complexidade sem trazer benefícios proporcionais. Nesses casos, uma abordagem mais simples pode ser mais adequada.
  • Exigência de disciplina e padronização: Manter a arquitetura coesa ao longo do tempo exige consistência na aplicação dos padrões DDD e uma governança rigorosa. Sem isso, o projeto pode evoluir para um código desorganizado, comprometendo os ganhos iniciais de clareza e estrutura.

Demonstrações

Neste tópico, vamos desenvolver uma API simples baseada nos princípios do Domain-Driven Design (DDD). Nosso exemplo prático será a atualização do email de um usuário, e para isso, organizamos o código em quatro camadas bem definidas: Presentation, Application, Domain e Infrastructure.

Camada de Domínio (Domain)

Iniciaremos pela camada de Domain, o núcleo da aplicação, onde criaremos a entidade User. Essa entidade representa o conceito de usuário no sistema, encapsulando suas propriedades e comportamentos essenciais. Em seguida, definiremos as interfaces de repositório, que estabelecem como os dados serão manipulados, sem entrar nos detalhes técnicos de implementação.

Imagem 1 – Representação da entidade de usuários
Imagem 2 – Representação da interface do repositório do usuário

Camada de Aplicação (Application)

Na camada de Application, desenvolvemos os casos de uso, que representam as funcionalidades do sistema. Aqui, implementamos a lógica para atualizar o email do usuário, coordenando as entidades e os repositórios de forma coesa e alinhada às regras de negócio.

Imagem 3 – Representação do caso de uso de atualização de email do usuário

Camada de Infraestrutura (Infrastructure)

Por fim, na camada de Infrastructure, implementamos os repositórios usando o SQLAlchemy, uma biblioteca poderosa para interação com bancos de dados relacionais em Python. Essa camada cuida da persistência dos dados, respeitando as interfaces definidas no domínio.

Imagem 4 – Representação da implementação do repositório de usuários

Camada de Apresentação (Presentation)

Já na camada de Presentation, construiremos o endpoint de API utilizando o FastAPI, um framework leve e eficiente para Python. Essa camada será responsável por receber requisições externas, invocar os casos de uso apropriados e validar as entradas e saídas de dados.

Imagem 5 – Representação do schema do usuário para a atualização do email
Imagem 6 – Representação do router do usuário com o endpoint para atualizar o email

Um ponto relevante a destacar é que o DDD não apenas organiza o código, mas também promove uma colaboração mais próxima entre desenvolvedores e especialistas do negócio, garantindo que o software reflita fielmente os requisitos reais. Com esse exemplo, será possível entender como o DDD funciona na prática, resultando em uma aplicação mais modular, fácil de manter e adaptar, além de ser altamente testável, já que as responsabilidades de cada camada estão bem separadas.

Como o FastAPI complementa o DDD

O FastAPI traz recursos que potencializam a aplicação de DDD. Sua funcionalidade de injeção de dependências, por exemplo, facilita a integração de repositórios e serviços nas rotas da API, mantendo a lógica de negócio isolada e testável. Além disso, os modelos Pydantic, usados para validação e serialização, funcionam como Data Transfer Objects (DTOs), simplificando a troca de dados entre a API e os clientes de forma segura e eficiente. A documentação rica e a comunidade ativa do FastAPI também oferecem suporte valioso, com exemplos práticos que ajudam na adoção de boas práticas alinhadas ao DDD.

Combinar DDD com FastAPI pode transformar a maneira como você desenvolve aplicações, trazendo benefícios como código organizado, testabilidade aprimorada e um forte alinhamento com o negócio. No entanto, é fundamental ponderar os desafios, como a curva de aprendizado e o risco de complexidade excessiva em projetos menores. Antes de adotar essa abordagem, avalie a complexidade do seu domínio e os recursos da sua equipe. Assim, você poderá equilibrar boas práticas com as necessidades reais do projeto, tomando decisões mais conscientes e eficazes.

Conclusão – Como aplicar DDD em APIs com FastAPI de forma escalável

Aplicar os princípios do Domain-Driven Design (DDD) em APIs com FastAPI é uma abordagem transformadora para estruturar aplicações modernas com clareza, coesão e um foco inabalável no negócio. Ao organizar a aplicação em quatro camadas bem definidas — Presentation, Application, Domain e Infrastructure —, você garante um código limpo, testável e pronto para escalar com segurança, independentemente da complexidade ou tamanho do projeto.

Conforme explorado neste artigo, essa arquitetura fornece uma fundação para sistemas de qualquer escala, promovendo colaboração eficaz entre equipes, simplificando testes rigorosos e assegurando um alinhamento profundo com os objetivos estratégicos da organização. Por meio de exemplos práticos e uma abordagem acessível, demonstramos como o DDD se integra harmoniosamente à estrutura do FastAPI, tornando-o uma escolha natural para desenvolvedores que buscam excelência técnica aliada a resultados de negócio.

Ao implementar essa estratégia em seu projeto, você estará dando um passo decisivo rumo a uma organização superior, escalabilidade fluida e qualidade duradoura. Reflita sobre o contexto do seu sistema, o nível de maturidade da sua equipe e a complexidade do domínio em que atua, e inicie a transformação das suas APIs em soluções mais robustas, sustentáveis e centradas no que realmente importa: o sucesso do negócio. O potencial da sua aplicação está em suas mãos — e o DDD com FastAPI é a chave para desbloqueá-lo.

Quem é a Aquarela Analytics?

A Aquarela Analytics é vencedora do Prêmio CNI de Inovação e referência nacional na aplicação de Inteligência Artificial Corporativa na indústria e em grandes empresas. Por meio da plataforma Vorteris, da metodologia DCM e o Canvas Analítico (Download e-book gratuito), atende clientes importantes, como: Embraer (aeroespacial), Scania, Mercedes-Benz, Grupo Randon (automotivo), SolarBR Coca-Cola (varejo alimentício), Hospital das Clínicas (saúde), NTS-Brasil (óleo e gás), Auren, SPIC Brasil (energia), Telefônica Vivo (telecomunicações), dentre outros.

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