O assunto Desenvolvimento Sustentável está em pauta desde 1972, quando a ONU discutiu pela primeira vez o conceito na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que tem como objetivo discutir e propor meios de harmonizar o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Naquele momento, definiu-se Desenvolvimento Sustentável como “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade do planeta para atender as futuras gerações”. A partir desse conceito inicial esse tema começou a fazer parte do dia a dia da sociedade e das empresas, assim como novas discussões foram surgindo e novos conceitos foram sendo criados.
Nos últimos anos, o termo ESG (environmental, social and governance) vem ganhando destaque no mundo corporativo, devido ao aumento da preocupação das empresas com a sustentabilidade empresarial. Logo, as pautas Ambientais, Sociais e de Governança passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos.
A sigla ESG surgiu em 2004, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, a publicação recebeu o nome de “Who Care Wins” (em português, Ganha Quem Pode). Esse conceito tem por objetivo conscientizar e incentivar as empresas a reduzirem os impactos que suas atividades econômicas causam nas pessoas e no meio ambiente, além da adoção de condutas transparentes em suas gestões. Em 2015, a ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem atingidos até o ano de 2030, são esses objetivos que têm norteado as empresas a adequar suas operações às práticas ESG.
As empresas que possuem compromisso ESG devem possuir Indicadores, também chamados de métricas ESG, como ferramentas para ajudar a mensurar os resultados das ações no que se refere aos pilares Ambientais, Sociais e de Governança. Os indicadores são importantes para os gestores conseguirem apresentar para clientes, investidores e demais stakeholders os resultados que a empresa alcançou.
A divulgação dessas métricas deve ocorrer através dos relatórios ESG, documento público que apresenta informações e resultados sobre as ações tomadas por uma empresa em relação às boas práticas ESG. O relatório revela dados, métricas, indicadores, impacto e valor agregado ao negócio em três pilares distintos, que são: meio ambiente, social e governança corporativa.
Quais são os princípios que norteiam a sigla ESG?
A sigla ESG é norteada por 3 princípios, Environmental (Meio Ambiente), Social and Governance (Governança). Cada termo representa um fator que mede o quanto uma empresa está comprometida em oferecer operações mais sustentáveis. Abaixo segue lista com os princípios e exemplos de atividades a serem tratados em cada item:
ENVIRONMENTAL (ambiental)
Concerne às ações e políticas que uma empresa implementa para minimizar o seu impacto no meio ambiente. Isso inclui a redução de emissões de gás carbono e outros gases poluentes, o uso eficiente de recursos naturais, a gestão sustentável de resíduos, a adoção de fontes de energia renovável e mais eficientes, além da preservação da biodiversidade, do ar e da água. Também inclui o posicionamento da empresa em relação às questões de mudanças climáticas e desmatamento.
SOCIAL
Engloba as políticas externas para o bem-estar e tratamento justo de colaboradores, assim como o envolvimento com a comunidade local. Inclui também iniciativas para estabelecer a diversidade, a responsabilidade social, a defesa dos direitos humanos e a diversidade de fornecedores.
Vale considerar também os programas de assistência psicológica, de apoio a práticas esportivas, acesso a cursos, profissionalização e desenvolvimento. Falar sobre o social em ESG também é se relacionar com o bem-estar físico e mental dos colaboradores; é representar culturas empresariais mais saudáveis e com impacto mais humano; é levantar a necessidade de romper com estruturas de trabalho nocivas e estabelecer relações mais positivas. É nesse eixo que também encontramos a relação com os fornecedores.
GOVERNANCE (governança)
Trata-se da estrutura de governança da empresa, ou seja, da sua forma de comando, suas práticas de gestão e os mecanismos de prestação de contas. Envolve ética nos negócios e conformidade com as regulamentações, práticas de equiparação, bem como uma política de transparência, responsabilidade fiscal, combate à corrupção, garantia dos direitos dos acionistas e compliance.
O que são os Índices ESG e qual a sua importância?
Os índices de Sustentabilidade Ambiental, Social e Governança, são ferramentas de avaliação que medem o desempenho das empresas em relação a critérios específicos de sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Esses índices são compostos por uma seleção de empresas que se destacam em práticas ESG, oferecendo aos investidores avaliar o impacto social e ambiental dos seus investimentos.
A importância dos índices ESG para as empresas reside no fato de que eles se tornaram indicadores significativos de desempenho sustentável e responsável. Empresas bem classificadas em índices ESG são mais atrativas para investidores que buscam alinhar seus investimentos a valores éticos e sustentáveis. Além disso, adotar práticas ambientais, sociais e de governança responsáveis não apenas contribui para a reputação positiva da empresa, mas também reduz riscos relacionados a questões regulatórias, litígios e problemas de sustentabilidade.
Dessa forma, os índices ESG não apenas fornecem uma medida clara do impacto social e ambiental das empresas, mas também incentivam a adoção de estratégias de negócios que promovam a sustentabilidade a longo prazo e servem para as empresas como ferramentas de investimento.
Os Principais Índices ESG Globais e do Brasil
1. Dow Jones Sustainability Indices (DJSI): Desenvolvidos pela S&P Dow Jones Indices em parceria com a RobecoSAM, esses índices avaliam o desempenho sustentável de empresas em todo o mundo, considerando critérios ambientais, sociais e de governança.
2. FTSE4Good Index Series: Gerenciado pela FTSE Russell, esse índice inclui empresas que atendem aos critérios de ESG e é usado por investidores como referência para empresas socialmente responsáveis.
3. MSCI ESG Ratings and Indices: A MSCI fornece classificações ESG e índices que medem o desempenho ESG de empresas e carteiras de investimento.
4. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE): Desenvolvido pela B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), o ISE é um dos índices mais conhecidos no Brasil que avalia empresas com base em critérios de sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
5. Índice Carbono Eficiente (ICO2): Também criado pela B3, o ICO2 considera o desempenho das empresas em relação à emissão de gases de efeito estufa, promovendo ações de mitigação das mudanças climáticas.
6. Índice de Governança Corporativa (IGC): O IGC avalia a governança corporativa das empresas listadas na B3, incluindo critérios relacionados à transparência, prestação de contas e estrutura de governança.
Como a Tecnologia pode impulsionar as empresas ESG?
A tecnologia pode desempenhar um papel fundamental no impulsionamento das iniciativas ESG das empresas, proporcionando ferramentas avançadas para monitoramento, relatórios e implementação de práticas sustentáveis. Sistemas de IoT (Internet das Coisas) e sensores inteligentes, por exemplo, permitem a coleta em tempo real de dados ambientais, como consumo de energia e emissões de carbono, possibilitando uma gestão mais eficaz e responsável dos recursos. Além disso, a inteligência artificial (IA) e a análise de big data capacitam as empresas a identificar padrões complexos, avaliar riscos ambientais e sociais, e tomar decisões informadas para melhorar o desempenho ESG.
A tecnologia também pode colaborar na transparência da comunicação e da prestação de contas. Plataformas de blockchain, por exemplo, podem ser utilizadas para criar registros imutáveis e transparentes de práticas corporativas, garantindo que as informações ESG sejam confiáveis e auditáveis.
A implementação de tecnologias emergentes não apenas otimiza as operações internas, mas também fortalece a confiança dos stakeholders, incluindo investidores, consumidores e reguladores, ao demonstrar um compromisso tangível com a responsabilidade social e a sustentabilidade.
As vantagens da Inteligência Artificial para empresas ESG
A inteligência artificial (IA) oferece uma série de vantagens para as empresas que buscam incorporar práticas ESG em suas operações. Nesse tópico será abordado como a Inteligência Artificial está transformando o cenário empresarial ESG, promovendo a transparência, eficiência operacional e responsabilidade social.
1. Transparência Aprimorada:
A IA desempenha um papel crucial na promoção da transparência nas práticas empresariais ESG. Plataformas de IA podem analisar grandes volumes de dados, permitindo uma prestação de contas mais detalhada e precisa em áreas como emissões de carbono, gestão de resíduos e práticas éticas. Isso não apenas fortalece a confiança dos stakeholders, mas também cria um ambiente no qual as empresas são incentivadas a manter padrões elevados de responsabilidade social.
2. Otimização de Processos Sustentáveis:
A IA oferece oportunidades significativas para otimizar processos e operações, alinhando-as com princípios ESG. A automação inteligente, impulsionada por algoritmos avançados, pode identificar áreas de desperdício, reduzir o consumo de recursos e aprimorar a eficiência energética. Ao integrar a IA nas estratégias de gestão ambiental, as empresas podem não apenas cumprir regulamentações, mas também se destacar como líderes na adoção de práticas sustentáveis.
3. Tomada de Decisões com Enfoque ESG:
A IA permite a análise de dados em escala, possibilitando uma tomada de decisão mais informada e ética. Na governança corporativa, algoritmos podem monitorar conformidade com padrões éticos, enquanto na dimensão social, podem contribuir para promover a diversidade e inclusão. A capacidade da IA de analisar dados de maneira imparcial também ajuda a mitigar vieses, contribuindo para decisões mais equitativas e socialmente responsáveis.
Conclusão – ESG e Inteligência Artificial: conectando Responsabilidade e Inovação
A tecnologia não é apenas uma aliada, mas uma força propulsora para empresas comprometidas com a sustentabilidade e responsabilidade social. À medida que as empresas ESG adotam inovações tecnológicas, não só aprimoram seus modelos de negócios, mas também contribuem para um mundo onde a inovação e a sustentabilidade caminham lado a lado. A Inteligência Artificial pode trazer dados confiáveis para os investidores e ganhos em eficiência para as empresas que buscam trazer a IA como ferramenta de melhoria para seus processos ESG.
A combinação de tecnologia e práticas ESG não é apenas uma escolha estratégica, mas uma visão promissora para um futuro onde os negócios prosperem em equilíbrio com o planeta e a sociedade.
Quem é a Aquarela Analytics?
A Aquarela Analytics é vencedora do Prêmio CNI de Inovação e referência nacional na aplicação de Inteligência Artificial Corporativa na indústria e em grandes empresas. Por meio da plataforma Vorteris, da metodologia DCM e o Canvas Analítico (Download e-book gratuito), atende clientes importantes, como: Embraer (aeroespacial), Scania, Mercedes-Benz, Grupo Randon (automotivo), SolarBR Coca-Cola (varejo alimentício), Hospital das Clínicas (saúde), NTS-Brasil (óleo e gás), Auren, SPIC Brasil (energia), Telefônica Vivo (telecomunicações), dentre outros.
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Autora
Analista de Testes na Aquarela Advanced Analytics. É graduada em Ciências Biológicas com ênfase em Ciências Ambientais pela UFPE, com experiência profissional em Gestão Ambiental. Realizou migração de carreira para área de TI em 2022, atualmente cursa a Especialização de Testes Ágeis no Cesar School.